Este suposto estacionamento para deficientes físicos está localizado bem na divisa da Vila Tupi com a Cidade Ocian, bem na frente do número 6.802 da Castelo Branco. De estacionamento para deficiente não tem nada como você vai perceber.
Tente se colocar na posição de um deficiente físico. Imagine você, um deficiente físico, talvez um cadeirante, chegando de carro em Praia Grande. Andando pela Castelo Branco, encontra um lugar para parar seu carro pois o aviso diz que é um estacionamento para deficientes. Então você estaciona ali, desce com sua cadeira e fecha a porta do carro. Você olha para a esquerda, para a direita, para a trás e não encontra um lugar por onde possa acessar o calçadão e adentrar à praia. Mas você é percistente, acredita que o governo não erra (muito). Alguém deve ter deixado um lugar para você, deficiente, chegar à praia. Então você vai empurrando o pneu da sua cadeira e chega à avenida. Entre ônibus, caminhões, carros e motocicletas você olha e nada encontra de acesso. "Uma rampinha só já estaria de bom tamanho", você pensa. Você volta para seu carro e não sabe se entra no carro ou se pede uma ajuda. Você que pensou que o governo trabalha em prol do povo começa a se lamentar de ter parado numa cidade tão inóspita, tão gozadora daqueles que necessitam de cuidados especiais. Algumas pessoas que passam percebem que você está lá aflito e oferecem uma ajudinha. Duas moças e dois rapazes, cada um pega um lado da cadeira e o levanta até chegar a ciclovia e você pede para que o deixe lá que dali você se encarrega... Mas engano seu.
Depois do calvário para chegar à ciclovia, você não vai encontrar nenhuma rampa para chegar ao calçadão. Sabendo que esse é um problema menor, você sabe como ninguém a se equilibrar. Então levanta as duas rodas da frente da sua cadeira, e com impulso tenta subir com as outras duas de trás. Só que não dá certo e você cai de costas. Mais uma vez você naquela de condição de meio ser-humano é ajudado por populares e a sua idéia de independência do deficiente em uma cidade racional é desfeita e o pensamento da realidade de que você é apenas um peso para as autoridades vem à tona (embora você pague o mesmo imposto ou mais do que os outros).
Praia Grande é isso. É o fazer sem pensar. O fazer sem querer fazer porque só faz porque a lei obriga. Enquanto se gasta com obras desnecessárias, o necessário é jogado para segundo plano - para ser feito se sobrar algum dinheiro. O povo que caminha todos os dias por essa cidade, é maltratado, absurdamente maltratado diga-se de passagem (de desnível, claro).